O samba de um filho só

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Nos tempos idos em que a mulher não controlava sua prole, ser filho único era visto até como um esquisitice, talvez um sinal de infertilidade do casal, já que a quantidade servia como termômetro de saúde.  Com o desconhecimento de algumas doenças que impediam ou dificultavam a gravidez como, por exemplo, a endometriose, a ausência de filhos era sinal de uma família incompleta e infeliz.  Portanto, quanto mais filhos, mais orgulho para o pai e mais trabalho para a mãe, pois que o pai muitas vezes não tomava partido dos cuidados das crianças.

Os tempos mudaram e com a chegada dos contraceptivos ficou mais fácil escolher não somente quando mas também quantos filhos colocar no mundo.  Com a modernização da estrutura familiar, em que a mulher passou a dividir as despesas da casa junto com o marido não tendo, portanto, disponibilidade para o lar em horário integral, aí é que a situação se tornou quase irreversível.

Acredito que uma das razões para a escolha de se ter apenas 1 filho seja, por exemplo, o fato de a mulher querer alcançar uma estabilidade profissional e financeira de forma que não se torne tão dependente do seu parceiro. Em outros casos, é a produção independente, em que muitas mulheres que já chegaram nesse patamar da vida sentem falta é apenas uma criança para chamar de sua, sem a necessidade de se formar uma família tradicional do tipo pai e mãe.   Mas claro que existem outras razões para se optar em ter apenas um filho mas isso, ao meu ver, tem gerado um "pequeno-probleminha- meio óbvio": estamos gerando filhos sem irmãos.

A turma da escola do Davi é composta de 16 crianças, sendo que grande parte é de filhas únicas.  Estou falando de crianças na faixa de 4 a 5 anos, ou seja, filhos nascidos há um tempo razoável para se encomendar outra criança, na média que se vê por aí, claro, sem contar os "temporões" ou "raspas de panela".  Muitas delas, possuem vários primos que moram perto, o que facilita a interação nessa fases da infância.  Davi também tem primos próximos à sua idade, porém, moram longe e, portanto, essa convivência não é como eu gostaria que fosse.  Existem os coleguinhas do prédio, mas talvez por morarmos num... prédio, cada um vive no seu quadrado e os encontros se dão geralmente em festinhas de aniversário ou no play. 

Me dói o coração ver o guri brincar sozinho.  De uns tempos para cá, vem me pedindo um "ismãozinho", pois tem manifestado essa carência de ter outra criança para brincar e conviver.  Por outro lado, a tentação em ter mais um filho tem me visitado constantemente, porém, eu paro, respiro e reflito não no fato de que se vai valer a pena, pois eu acho que vai, mas se a minha rotina irá permitir, o que eu acho que não vai.  Pelo menos por enquanto.

Em relação a ter mais uma criança, claro que pensamos nos custos com escola, alimentação, saúde, pois não acredito muito naquela máxima que diz "onde come um comem dois".  Pode até ser que, para quem tem alguma folga no orçamento, esse dizer se encaixe bem, mas quando se quer algo um pouco acima da média, então, muita gente tem refletido a respeito.  As coisas se ajustam, claro, e, sinceramente, eu me disporia a passar por todos os "perrengues" próprios dos primeiros anos de vida de uma criança, mesmo depois de passados 5 anos do Davi.  Mas tem também a minha idade, pois apesar de não parecer, eu tenho 45 anos e existe, sim, aquele medinho de gerar filhos com óvulos velhos.

Por outro lado, quantidade também não é garantia de família feliz, pois há filhos únicos que crescem e se multiplicam e prolongam a nossa herediariedade em lugar de irmãos que vivem às turras por toda a vida.  A questão também é que, como disse acima, estamos gerando crianças que não terão sobrinhos nem irmãos, nem cunhados por parte dos irmãos e eu fico imaginando como serão as famílias futuras, apesar das combinações atuais.  
 
O pai do Davi tem 5 irmãos, o que me trouxe 5 cunhados, além de 8 sobrinhos.  Da minha parte, ele não tem cunhados, nem sobrinhos, apenas a sogra.  Minha família, portanto, além de ter o núcleo central é que o Davi e meu marido, se resume a pessoas que não são meus parentes diretos.  Claro que eu tenho primos e tios e tias, mas a relação com a parte materna da família sempre foi distante, o que faz com que eu considere - e seja considerada - mais família a parte do meu marido.  Sim, eles me adotaram, temos um relacionamento maravilhoso, mas, e se o Paulo Sérgio também não tivesse irmãos?  

Eu sei que a humanidade não irá se extinguir se todo o problema for esse, mas talvez por ter sido filha única eu venha a valorizar a presença de irmãos na família.  Não tive a "vantagem" de não precisar dividir as coisas, pelo contrário, isso me fez falta e acredito que os filhos dessa geração sem irmãos vão sentir falta de irmãos para brincar, brigar e dividir os pertences e os pais.

Eu costumo brincar dizendo que eu passo o mês inteiro querendo ter mais um filho, até que o boleto da escola chega e aí eu mudo de ideia.  Mas, no fundo, não tão fundo assim, eu gostaria muito de ter outro filho.  Enquanto isso, o tempo passa e voa, e aí eu fico só tocando samba de um filho só.  Mas vai que no futuro o Davi seja mais um filho único famoso, igual às celebridades da imagem deste post?  Heim, heim, heim???
 


O tempo tem passado muito rápido e meu tempo tem sido muito escasso.  Tenho me esforçado para manter o blog atualizado, mas às vezes sou engolida pela corrida do dia a dia, pois a terça-feira se transforma em quinta-feira e depois no mês seguinte.  Desculpe-me, você, que ainda passa por aqui.  Saiba que eu ainda não desistir (rsrsrs).
 
É tanta coisa na minha cabeça, tantas ideias, tantos projetos e tão pouco tempo....e o Natal já está batendo à porta!!!


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